Resenha: Jardim para Borboletas Mórbidas | Ed. Saraiva Jr.


Na Romênia de meados do século XX, Nicolae Packwood, um menino atencioso e assustadiço, vive somente com a mãe, Aurora. Ele ajuda a cultivar um jardim e é bem cuidadoso com animais. Quando sua mãe precisa sair para ajudar um familiar, Nicolae sente medo e grande falta dela. Nesse ínterim, mantém amizade com uma fada, Anahí, que é do Reino das Borboletas Azuis. Dentro de pouco tempo, Anahí contará a Nicolae sobre a ameaça que se aproxima: a terrível bruxa Kaverah.

Dessa forma, somos apresentados ao enredo de Jardim para Borboletas Mórbidas (Editora Folheando, 2018), do escritor paraense Ed. Saraiva Jr. A história é divida em curtos capítulos. Há também recontagem de contos de fadas consagrados, mas transformando-as em histórias de terror, de acordo com a ideia proposta no romance. A amizade entre Nicolae e Anahí é muito bem salientada, até que ocorre um considerável plot-twist.

De fato, Nicolae é uma criança bem inteligente, mas não o bastante para se livrar de determinados perigos. A espera pela mãe, que cobre boa parte da história, aparentemente o incita a passos mais ousados, por conta também do desespero e da saudade. Quanto a isso, receberá uma visita que lhe encherá de alegrias, mas…

A pecha de "tenha cuidado ao conhecer novas pessoas" vem a calhar nessa história, bem como a de desconfiar de toda pessoa que se mostre altamente virtuosa e flexível. Talvez Nicolae tivesse se poupado se fosse mais diligente, apesar de ser uma criança.

Há cenas gráficas bem pronunciadas, remontando a pesadelos cruéis. Há, inclusive, a reaparição do pai de Nicolae (de uma maneira bizarra). O leitor não é poupado de um surpreendente plot-twist. Ademais, ficamos na dúvida se a atitude de Anahí, ainda que reprovável e indigna, foi até algo bom para Nicolae (digamos, a longo prazo).

De modo geral, Jardim Para Borboletas Mórbidas é um bom romance, com o tamanho certo, que pode muito bem servir como um conto macabro de fantasia, uma experiência curta e certeira nas penumbras do suspense fantástico.

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