A queda de Atlântida - A história de duas irmãs, Deoris e Domaris, filhas de Sumo Sacerdote Talkannon, dos seus amores, dos seus ódios, dos seus prazeres e sofrimentos e da forma como, tendo escolhido caminhos diferentes, por vezes opostos, vivem os seus dias e desempenham um papel fulcral na batalha que, apesar de invisível, se trava dia e noite pelo futuro do Mundo. Mas mais importante que qualquer destino ou karma, o que está em jogo é o futuro do próprio Mundo, pois da batalha mortal que se trava entre as Trevas e a Luz e do seu desenlace poderá resultar a queda da própria Atlântida.
Eu tinha tanta esperança. Fui procurar esse bendito livro
logo depois de reler As Brumas de Avalon, paixão da minha vida, sangue do meu
sangue. Então decidi ler tudo da autora que me caísse nas mãos. Mas Marion
Zimmer Bradley me largou um balde de água fria na cabeça logo nas primeiras
linhas. Fui toda feliz no sebo e agarrei com as duas mãos os dois volumes quase
novos da Queda de Atlântida que estavam bonitinhos e juntinhos na estante, só
esperando por mim. Só não contava que fosse ficar um mês inteiro tentando
enfiar o primeiro volume goela abaixo.
Que a autora não me venha puxar o pé de noite, mas credo! Onde
estava a emoção nessa história? Nunca pensei que fosse falar de um livro que
detestei, mas amo tanto a autora que me sinto nesse direito. O que as Brumas
têm de emocionante, interessante e reflexivo, esse livro tinha de chato, sem
graça e sem sal. O que a Morgana tem de presença e personalidade, a Domaris e
Deoris tinham de vazias – e eu pensando que odiava a Gwenhwyfar!
Eu queria ter entendido um pouco melhor onde ficava essa
Atlântida que caiu e as tais Terras Antigas do Templo da Luz. Na Lua? No
inferno? Relevei.
O romance entre Micon e Domaris foi meu maior suplício.
Nunca vi paixão mais sem pé nem cabeça, sem nada a ver um com o outro, só umas
declarações de lá pra cá que não me fizeram torcer por eles hora nenhuma. Aliás,
não consegui sentir nada por personagem nenhum no primeiro volume. Talvez um
pouco de simpatia pelo misterioso Riveda, porque ele era o único na história
inteira que parecia estar de tão mau humor quanto eu.
Mas nem tudo foi tão ruim assim. As epígrafes, por exemplo,
trazem a marca da autora e me fazem lembrar por que ela me fascina tanto. Não
se pode julgar um livro nem pelo autor, que dirá pela sua capa!
Além do mais, durante o volume 2 a história melhorou e quase
chegou a ficar boa. Meu personagem preferido continuou sendo o Riveda. Poderia
até ter amado esse personagem se ele tivesse ganhado mais destaque. Reio-ta e
Demira também começaram a ficar interessantes. Uma pena que não tenham
aparecido tanto quanto as chatas da Deoris e Domaris. Acho que a história das
duas foi explorada além da conta, em cenas dignas de novela das oito, mas tudo
bem. Talvez eu goste um pouco demais dos bizarros.
Bem ao finalzinho do livro, a questão da reencarnação das
personagens me fez pensar que a leitura valeu a pena, já que passei a história
inteira tentando pensar quem seria quem nas Brumas de Avalon. Este parágrafo me deu o que pensar por horas:
“Vínculos foram forjados nesta vida que nunca poderão nos
separar(...)todos apenas se retiraram de uma única cena de um drama terminando(...)Há
uma teia de trevas envolvendo a todos nós e, enquanto o tempo existir, nunca
poderá ser afrouxada ou desfeita. É o carma”
Mas foi o posfácio que fez meus olhos brilharem. A própria
autora comenta um pouco sobre sua infância e seu processo criativo. Acompanhar por
algumas linhas o seu mergulho pela fonte misteriosa de onde vêm as ideias me
fez concluir que ler “A Queda de Atlântida” valeu a pena e me deu mais vontade
ainda de conhecer o resto da obra dela!
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