A Autora:
Josiane Biancon da Veiga nasceu no Rio Grande do Sul. Desde cedo, apaixonou-se por literatura, e teve em Alexandre Dumas e Moacyr Scliar seus primeiros amores.
Aos doze anos, lançou o primeiro livro “A caminho do céu”, e até então já escreveu mais de quarenta histórias, de originais a contos envolvendo o universo da animação japonesa.
Site Oficial: josianeveiga.webnode.com/
"Até hoje luto para que meus livros sejam vistos como obras, não como materiais pornográficos"
A Obra:
Cinco cantores japoneses, jovens e lindos, formam uma banda que já conquistou milhares de fãs, além de participar de filmes, novelas e programas de auditório. O que poderia haver de errado com eles? Através das quase 500 páginas de Rendição, conhecemos de perto os garotos e descobrimos todo um mundo de mentiras, segredos e amores proibidos sob uma aparência perfeita e cuidadosamente manipulada. Não é fácil essa vida!
-Vou precisar de terapia quando tudo isso acabar.
Rendição é estruturado mais como uma novela do que como um romance, afinal são muitos personagens e vários episódios entrelaçados. Embora a história não deixe de avançar, por alguns momentos a "ação" é pausada para cenas em que os casais estão se "resolvendo" mwahahahaha. Josiane Veiga é uma autora romântica, e é impressionante seu talento em apresentar um relacionamento com seus altos e baixos, encontros e desencontros. Já falei da Insígnia de Claymor(que vai ser relançado pela Modo Editora) que é o melhor exemplo disso. O destaque para a saga Jishu (e mais recentemente Traços) é sua coragem e ousadia ao empregar sua habilidade para retratar casais gays. Assim, o livro é classificado como GLS, yaoi, e mais: tem cenas de paixão muito detalhadas e mesmo pesadas - tire as crianças da sala! Em compensação, se você já é grandinho, e tem um pouco de sensibilidade, vai se emocionar com os dramas e dilemas desses rapazes que correm o risco de destruir as próprias carreiras - e até vidas - se derem um só passo em falso.
“Se vocês assumissem algo seriam odiados; pois a maioria tem sonhos românticos com os dois!”
A voz de Audrey o assaltou de repente. Não podia negar que temia perder o amor das fãs. Sabia que Ken também ficaria arrasado. Existiam as fãs compreensivas, é claro; mas, elas eram raras. A grande maioria achava apenas divertido o fanservice que ele fazia com Ken. O que diriam se os dois se assumissem? E os empresários? Os produtores? A agência? Um país moralista como o Japão jamais toleraria algo do tipo.
Desde as primeiras páginas do romance, percebemos que, entre os cinco integrantes da banda, há dois casais do tipo perdidamente apaixonados. Apenas um "sobra" nessa história! Com essa situação, diversas peripécias acabam desmanchando os namoros dos meninos - deixando seus corações arrasados e cheios de dúvidas. Até que aparece Audrey, uma americana que do nada atropela o romance de Ken Takeshi e Kazuo Ninomura. Sua chegada, praticamente invadindo o camarim da banda, piora mais ainda a situação - ela é uma ameaça, mas também tem seus segredos. Sim, muitas surpresas nos aguardam em Rendição!
-Audrey é daquelas pessoas que acha que os fins justificam os meios. Ela é homofóbica, e crê que a
luta contra o homossexualismo a autoriza a fazer qualquer maldade.
-Será que ela não percebe que nenhum ser humano tem direito de julgar outro?
Nino arqueou os olhos.
-É natural que julguemos, pois isso é instintivo das pessoas em geral. O problema é quando passamos dos limites...
-E impomos nossos ideais e ideias às demais pessoas sem respeitar o direito de escolha delas?
-Exato.
Mesmo os personagens mais mal-intencionados têm muito a revelar. Por mais raiva e sofrimento que nos façam passar, a mensagem do livro é otimista:
-(...)por favor, não perca a fé que você tem na humanidade pela atitude isolada de um transtornado.
A autora constrói uma trama consistente e envolvente, e os personagens precisam se proteger uns aos outros diante do perigo de serem descobertos e ao mesmo tempo conter os ciúmes, afinal eles são rapazes extremamente desejados... Entre relacionamentos iniciados e rompidos, o clima entre os astros começa a pesar. Será que suas paixões terminarão sendo a ruína de uma banda que já consideram uma segunda família? Podemos achar que o melhor seria escondê-las, mas a opinião de Shuichi Sakamoto é muito clara, embora ousada:
-Se a verdade fosse falada desde o início, metade dos problemas que enfrentamos agora não estariam acontecendo.
Rendição é um livro cheio de surpresas, algumas muito engraçadas, como Junior, o cão que vira "filho" de Ken Takeshi, o líder da banda. Outras quase te fazem cair para trás, como a seguinte pérola da mãe de Ken, quando ele "desabafa":
-Quero uma pessoa que veja mais do que minha aparência ou conta bancária...
(...)
-Isso é pra mais tarde! O que você precisa agora é de sexo!
Vários assuntos polêmicos são debatidos através de situações enfrentadas em diversos capítulos. Um possível aborto, a defesa da vida, seja humana ou animal, especialmente através do sempre fofo Morita Aiko. Afinal, esse é um dos ideais de um mundo em que os direitos serão realmente iguais para todos. A posição dos cristãos em relação ao homossexualismo é tratada de forma simples e surpreendente por uma freira que destaca a importância do amor e respeito, acima de tudo. Mas nem mesmo isso tranquiliza os rapazes quanto à reação da sociedade diante de suas escolhas.
-(...)ninguém vai se importar se estamos felizes ou não, tudo que vão ver é o quanto somos diferentes dos outros homens. Vão nos olhar e nos enxergar doentes.
Ainda uma consideração: as cenas polêmicas que recheiam Rendição são motivo de veneração por parte de alguns, mas também afastam muitos possíveis leitores. Eu mesma não sou fã de erotismo, mas endosso que não deixem de ler a saga por causa disso, pois é parte da essência de uma mensagem simples e direta. Esse livro reforça aquilo que deveria ser óbvio: gays são pessoas normais, como ser humano ninguém é perfeito, e com os homossexuais não é diferente. Os meninos da banda Jishu têm sentimentos naturais e profundos, mas têm que mantê-los nas sombras e ainda lidar com ameaças e a tensão que isso envolve. É impossível não se colocar no lugar deles e torcer. Rendição é fundamental em tempos de pseudo-tolerância, uma lição de empatia e uma terapia de combate ao preconceito.
-Acho que meu amor pelo Ken-chan vai ser um segredo eterno – murmurou.
(...)
-O mais importante é que não seja um segredo para vocês dois. O que o mundo sabe, não importa. O que importa é o que vocês sabem.
Lindo, né?
Ahhhh que lindoooooooooooooooo, obrigadaaa
ResponderExcluirNossa que resenha, hem? Ameiii de paixão. Pegou exatamente OS PONTOS, especialmente a pseudo aceitação.
A sociedade pensa que gays são legais, contanto que nao façam sexo, nao casem, nao formem familia, não vivam.
Td que sai da "normalidade" é combatido. Por isso Rendição e todos os demais livros.
Vamos chutar alguns traseiros dessa sociedade hipocrita^^ Amooo
Eu concordo e apoio totalmente essa causa... por isso fiquei tão animada com a saga jishu rs as pessoas acham que tem que ser gay pra defender os outros... e logo resenho Redenção também ! <3
Excluirhaha gostei muito, parabéns pela resenha, achei seu blog e não desgrudo mais. vc escreve super bem, é vc a escritora do menina pastora louca? super demais!
ResponderExcluirque bom que gostou, meu bem, a gente faz o que pode. Eu escrevi a Menina Pastora Louca sim :3 obrigadinha
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