A Insígnia de Claymor - de Josiane Veiga

Foi por curiosidade que resolvi ler pela primeira vez um livro independente. Não sei se escolhi esse ou se esse me escolheu, mas tenho certeza que foi a capa que me chamou a atenção. Só mesmo no Clube de Autores acharia um livro com capa em estilo mangá! A sinopse também me chamou a atenção e fiquei bem curiosa.

                                                                      Capa antiga

                                                                               Capa nova

Bom, a segunda edição saiu esses dias e fiquei contente de conseguir comprar com a primeira capa, porque a achei muito fofinha! Mas concordo que a nova é mais "majestosa". Só fiquei triste por causa do conteúdo, porque achei que a linguagem podia ser mais trabalhada e acredito que a autora tenha resolvido esses problemas agora.

Vamos aos fatos.

A história é um romance ambientado na França do início do Renascimento. A autora retratou uma época de transição e conflito entre católicos e protestantes, sabendo ser neutra e deixando claro que é contra violência e guerras, ainda mais em nome da religião (daí meu interesse ninguém perguntou). O destaque fica para Jehanie Claymor, uma mocinha bastante incomum para a época, que cresce sob forte amparo do pai, do padre ateu Adam e... bem, do seu irmão, Alexei, que é um caso à parte. 

O menino tem um amor bastante incomum pela irmã mais nova. É bastante carinhoso e protetor, mas todos sabem que ele tem segundas, terceiras e quartas intenções quanto a Jehanie, embora tenham o mesmo sangue. Ele simplesmente surta quando ela finalmente encontra um noivo que a agrade, conspira para estragar o casamento e tanto faz que consegue levá-la de volta à Inglaterra, onde espera ganhar tempo e planejar o assassinato do noivo da própria irmã. No caminho, a menina é sequestrada por um mercenário contratado para matar Alexei pra vocês verem como ele sabe ser querido. 

Jehanie tenta fugir do vilão, bate com a cabeça e aí a história começa de verdade. Ela é encontrada por um grupo de viajantes que estão fugindo da França por serem waldenses (protestantes). O líder é um nobre inglês chamado Daniel Trent, que não vai com a cara dela, ainda mais quando a menina descobre que perdeu a memória. Eles seguem juntos a viagem, sem desconfiar que a amnésica de língua solta é a irmã de Claymor, o maior inimigo de Daniel. Entre tantos encontros e desencontros, a confusão está garantida e a leitura flui facilmente quando vi já tinha acabado

O livro traz cenas fortes de tortura e principalmente de sexo. No geral, o humor, piadinhas leves, algumas envolvendo sexualidade, emprestam um clima de anime mesmo à história, o que na minha opinião que não conta nada combinava com a capa antiga.. Eu gostei muito, fazia tempo que não lia nada tão "leve" e divertido. O destaque fica com os personagens, muito envolventes, embora eu não tenha torcido particularmente por nenhum. Tudo gira em torno de Jehanie que, como já disse, é uma garota incomum, reclusa e estudiosa, quase uma especialista na Bíblia. O pai permite que tome suas próprias decisões, algo anormal para a época, a preocupação dele é protegê-la de Alexei. Durante a história, o que me chamou mais a atenção foram as relações que Jehanie desenvolveu com seus quatro "homens" ai que sortuda.

Alexei: esse tem prob's. Aos cinco anos de idade, consegue se apaixonar à primeira vista pela irmã recém-nascida. A relação entre os dois se torna cada vez mais próxima e íntima. Ele é ultra-possessivo com Jehanie e com as duas empregadas com quem se deita, fingindo que são a irmã como ele faz com todas as mulheres. Apesar de ser agressivo e violento com meio mundo, dedica tamanho carinho e proteção a Jehanie que fica impossível detestar esse cara. Quando a irmã desaparece, o estado em que ele fica é de dar pena. Preciso falar ainda que não acho que esse clima incestuoso seja unilateral. Jehanie chega a agredir uma moça por ciúmes de Alexei e o enche de tapa na cara quando ele a  irrita. É compreensível que ela sempre caia em seus braços, afinal ele é lindo, um porto seguro, um poço de compreensão e afeto, embora use uma verdadeira máscara quando está com a irmã. No início da história ela ainda é bem inocente, não consegue enxergar malícia, e quando descobre as intenções do irmão, é sequestrada e perde a memória. Assim, não ficamos sabendo no que vai se tornar esse relacionamento.

Lorde Garreth: esse sobra na história, coitado. É o noivo apaixonado e carismático de Jehanie, mas sua alegria dura pouco. Pena, porque é o único que desenvolve uma relação mais convencional e espontânea com a garota. Encanta-se por ela em um baile, trocam algumas palavras, paixão à primeira vista. Tinha tudo para dar certo, se não fosse o enciumado futuro cunhado embaçar o namoro. Garry tenta convencer a amada a se mudar com ele para a Índia, na intenção de cortar essa relação possessiva e doentia do Claymor. Jehanie quase cai pra trás. Ficar longe do irmão? Poooonto negativo!

Richard: apesar de ter dons paranormais, arrisco dizer que ele é o mais normal do livro inteiro. Encontra Jehanie quando ela está desmemoriada e ferida. Cuida dela com tamanha humanidade que pensei: ESSE sim, age como um verdadeiro irmão, que protege, consola e ajuda, sem precisar se controlar para não atacá-la. É um verdadeiro anjo da guarda.

Daniel: segundo Jehanie, ele tem "olhos de demônio". Mas é quem finalmente consegue calçar o sapatinho na  Cinderela. A relação entre os dois a princípio é do tipo "gato e rato", ou seja, sucesso garantido. Sem se lembrar de noivo, irmão e quem quer que seja, Jehanie logo descobre que o ama de um modo diferente de tudo que já sentiu . Ele está meio perturbado, afinal acaba de perder Riana, sua irmã, e a culpa é de adivinhem quem, Alexei Claymor. Seu plano é manchar a honra da irmã de seu inimigo, assim como ele fez com Rianna. O alvo de sua vingança é Jehanie Claymor, e ele nem imagina que ela está andando a seu lado o tempo inteirinho. Ele se vê dividido entre a fé, o amor e a honra que impulsiona seu ódio.

Achei a história bem pensada, fácil de ler e adorável. Os personagens são carismáticos e tão fofos que parecem mesmo de desenho, mesmo quando ficam bravos. Não sei se é por nostalgia de anime ou se a capa me influenciou, mas o livro me matou muito as saudades de um bom shoujo. Ficamos agora aguardando a conclusão da série. Vamos ver se a autora se anima...

Comentários

  1. Kyaaaaaaaaaaaahhhhhhhh que lindo.
    Vc não errou, sou otaku. Não tem como fugir desse ponto, afinal, eu cresci lendo e assistindo Shoujos, apesar de ser fushoji.
    Sua resenha é simplesmente PERFEITA! Amei de coração.
    Na segunda edição corrigi sim alguns errinhos que ficaram na primeira, concordância verbal, ortografia, etc... por mais que a primeira edição teve revisão, sempre fica alguma coisinha. Mas o principal da segunda edição é realmente a estética. Aumentei a fonte do texto, arrumei algumas coisinhas, etc.. acho q ficou mais apresentavel. Mas, a capa da primeira edição virou contracapa da segunda^^
    Mais uma vez, MUITOOO OBRIGADAAAA

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    Respostas
    1. Haha foi mesmo um prazer, a história é deliciosa. Otakus se reconhecem de longe

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