Ontem achei aqui em casa um livro chamado Histórias de Índio, que ganhei uns dez anos atrás. Foi escrito por um rapaz chamado Daniel Munduruku, que é de uma tribo indígena do Pará. Acho que, na época, tive de ler pra usar no colégio. Ficou rolando por aí, mas só ontem fui ler com mais atenção.
Logo que comecei a ler o primeiro conto eu quase caí pra trás: O Menino que Não Sabia Sonhar. É a história de um indiozinho chamado Kaxi(Lua) que foi escolhido pra virar pajé, logo que nasceu. Quando tem mais ou menos uns dez anos, ele descobre que, para ser o xamã de sua aldeia, precisa aprender a... sonhar!
É através dos sonhos que, segundo a tradição da aldeia, o pajé se comunica com os espíritos dos seus antepassados e recebe instruções para guiar seu povo. Sem o líder religioso, o pessoal se dispersa e a tradição acaba. Por isso é tão importante que o Kaxi seja instruído e perceba o tamanho da dificuldade que vai enfrentar quando assumir seu lugar na tribo.
O pajé experiente que o orientou já desvendava o simbolismo dos próprios sonhos (e dos outros!) sem precisar de esforço. Do mesmo jeito que José, no Egito, que previu a escassez de alimentos. Daniel, na Babilônia, adivinhou sozinho o sonho do rei Nabucodonosor e ainda disse o que significava. Será que é só coincidência?
Mesmo meio confusa, fiquei impressionada com o jeito como o futuro pajé conseguiu sonhar do jeito que precisava. Kaxi foi se isolar na floresta, como os outros meninos da idade dele, por causa de um ritual. E ficou sozinho e com fome, meditando nos ensinamentos que vinha recebendo havia dois anos. Então adormeceu e através do primeiro sonho recebeu todo o conhecimento sobre a realidade da tribo, a história de seu povo e tudo o que precisaria enfrentar para manter a cultura da tribo.
Durante esse sonho superespecial, ele chega a entrar no corpo de animais e de outras pessoas. Me fez lembrar muita coisa...
Além de ser uma história lindinha que fala muuito sobre a natureza e o histórico de destruição feita pela ganância do homem, o tema dos sonhos me fez achar que esse é muito mais que um livro infantil. Os mundurukus não são os únicos que fazem essa ligação entre o sonho e o mundo dos espíritos. Já ouvi falar de tribos no mundo inteiro que usam essa conexão.
Se os sonhos não nos religam com uma dimensão paralela, ao menos a psicologia explica que são uma passagem para algo mais misterioso ainda: nossa consciência adormecida. Não acho que exista muita distância de uma coisa para a outra.
Lindo texto Virgínia!
ResponderExcluirEu não curto ficar fantasiando ou adentrando nas áreas esotéricas ou espirituais. Acho melhor deixar isso pra quem curte.
Sobre relações dos sonhos com dimensões paralelas... nós mal sabemos se existem algo além das 4 conhecidas: comprimento, largura, profundidade e tempo.
A Teoria das Cordas apenas especula que possam existir até 10 dimensões... mas são especulações.
Fato é que no estado mental dos sonhos lúcidos, podemos acessar nossa mente, num modo de funcionamento bem diferente do estado desperto.
Estamos submetidos a um isolamento das percepções exteriores(ok, não totalmente), temos oportunidade de direcionarmos nossa atenção ao que está se passando apenas na nossa mente. Criações oriundas do nosso subconsciente!...
Quem sabe nosso cérebro realmente não funcione como uma estrutura de fortes propriedades quânticas?! Que possibilidades isso deflagraria heim! rsrsrsrs
Será que somos parentes? Sei que existe muito Cunha por aí rsrsrsrs da parte da minha mãe vem os Cunha lá de Bituruna PR.
Abraços e os mais belos sonhos pra ti!
haha o parentesco é possível, meu Cunha vem de Minas..
ResponderExcluirjá vi que você olha os sonhos mais pelo lado científico, que eu estou começando a olhar agora também... Embora ache um pouco mais complicado, kkkk... As possibilidades são mesmo infinitas!
São mesmo! Mesmo os sonhos comuns, quando lembramos em detalhes deles, podemos ficar bem impressionados ;)
ResponderExcluireu fico impressionada como não fazem sentido! haha, mas estou lembrando muuito mais deles agora
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